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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ELOCUBRAÇÕES SOBRE A MORTE - Companheiro Ademir Corrêa

Mesmo que queiramos mostrar que não temos medo, e isso é refletido de acordo com cada temperamento, o fato é que o evento da morte sempre nos assustará pela incerteza, pelos apegos humanos, pela própria indefinição desse mistério.

Até aqueles decididamente mais corajosos se preocupam pela simples constatação de que um dia deixarão de existir na dimensão que a nossa inteligência permite atingir.

Em nosso dia-a-dia, diante de todos os compromissos, deveres, prazeres, etc, conseguimos desviar nossos pensamentos dessa infalível situação, que muitos tentam burlar, prorrogar, adivinhar, se proteger. Quando se pensa demasiadamente nesse problema (se é que se pode definir assim), podemos perder a razão. O desapego às maravilhas da vida, quando afortunadamente podemos desfrutar das mesmas, é muito difícil. Nesses momentos, quanto maior o nível intelectual também maior é a incerteza e os questionamentos advindos dessa condição, como se pudéssemos questionar e/ou discutir uma relação com Deus.

O fato é que nascemos, brincamos, crescemos, estudamos, dormimos, trabalhamos, namoramos, enfim, vivemos sem pensar muito na morte e, em contrapartida, esse raciocínio vai aflorando enquanto a nossa melhor condição intelectual também vai se aperfeiçoando.

Portanto, amigos, devemos tentar nos acostumar com a única certeza que temos: a de que morreremos. Alguns um pouco mais cedo, alguns na “hora certa”, outros bem mais tarde, e tentar mostrar às outras pessoas, amigas ou mesmo eventuais inimigas, que elas definitivamente também terão o mesmo destino.

Em geral, imaginamos que após a morte não acontecerá absolutamente nada, que seremos privados de tudo aquilo que nos faz muito bem na vida, do sabor das comidas, da participação em uma festa, da sensação causada por uma boa música, do aconchego de um abraço, do incomparável prazer do sexo, de perder tudo de bom que a vida pode proporcionar àqueles mais afortunados em termos de saúde e finanças.

Esses medos são advindos do natural instinto de sobrevivência inerente aos seres evoluídos, mas destituídos da capacidade de pensar além da vida, simplesmente porque nessa condição somos extremamente individualistas.

Com toda a razão queremos proteger a natureza pelas infindáveis maravilhas que ela nos proporciona, mas nunca poderemos entender que é a própria natureza que nos levará para o desconhecido. Muitas vezes nos pegamos refletindo porque a natureza e a vida são duras e cruéis com alguns indivíduos, produzindo ou possibilitando que sejam produzidos deficientes nascituros (principalmente esses), cancerosos, doentes mentais, não considerando nem mesmo aquelas situações causadas por nós mesmos, mas isso ultrapassa a nossa vã inteligência.

Sou fiel à luta pela vida, pelos direitos que deveriam ser inerentes à mesma, a favor da luta pela melhoria da qualidade e desejo desfrutar ainda mais de todas as maravilhas que ela pode nos proporcionar, mas não sou antipático à morte. Mesmo que eu próprio não costume agir dessa forma, já que cultivo um afeto enorme pelas pessoas que comigo se relacionam ou que simplesmente admiro, o que é agravado pelo meu alto grau de emotividade, gostaria de declarar, no meu caso, que quando ela quiser chegar não se tenham lamentações porque até hoje já tive mais alegrias do que acho que mereço. Choros, só de saudades, se acharem que mereço.

Que os mistérios da vida e da morte venham a se tornar lembranças ou pensamentos positivos daqueles que compartilharam comigo a essa maravilhosa vida.

Que a nossa querida amiga Luiza se junte aos outros bons que já se foram, que possa, disciplinadamente como sempre fez nas nossas reuniões, nos enviar comunicados sobre a nossa hora de se juntar a eles e que reserve um ótimo lugar par todos nós.

Um abraço em todos.

(Colaboreação do Companheiro Ademir Corrêa - Boletim Semanal do R.C. de São Gonçalo - Homenagens a Luíza Siqueira - Secretária Executiva- 30.01.2011)

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